Parece clichê: como é difícil cuidar da casa, filhos, marido (só para constar), e trabalhar fora! Essa frase é comum na boca de mulheres que se dizem modernas e a queixa que eu faço é quase a mesma.

Se eu conseguisse conviver com o olhar acusador daquela louça suja, ou com aquela roupa suja me chantageando, dizendo que vai manchar, e trabalhar mesmo assim, seria perfeito!

Se meu filho conseguisse ficar cinco minutos sem me chamar, ou cinco minutos brincando de alguma coisa que não exploda, quebre em partes pequenas, nem seja radioativa...

Se os cachorros tivessem a incrível capacidade de se servirem de ração e água sempre que necessário e sem desperdícios ...

Se a garagem fosse autolimpante, e toda vez que eu abrisse a porta eu visse uma estrela com muitas pontas brilhando, e ouvisse um "plim"...

Se almoçássemos cápsulas, frutas com casca (para não encher a lixeira).

Se as roupas crescessem junto com as criaças e todos os ácaros fossem exterminados da face da terra...

Se tudo isso acontecesse, eu produziria mais, e teria de novo aquela sensação de "sou boa naquilo que faço".

O problema é que eu dou prioridade a outras coisas agora, coisas que me tornam comum, capaz de citar o clichê lá em cima. Mesmo contando com todos os atributos que me toranriam especial, tô com a minha autoestima lá embaixo por causa disso. Tenho sido medíocre, incapaz, coisa que não tolero em ninguém. Acontece que na minha rotina, o último aspecto da minha vida que eu cuido é o profissional. Erro fatal. Fatal inclusive para meu marido, que será atingido por algum objeto cortante ou pesado quando disser que sou displicente com as crianças ou os cães.

Mas isso vai mudar. Foi opção minha, do mundo, da vida e do meu marido, mas vai mudar.

O lado bom é que eu vejo cada fase do crescimento da minha bebê, torno mais forte o vínculo com meu filho mais velho, economizo com faxineira, escolinha, transporte e meus batons duram mais.

Então, traduzindo para meu hebraico, trabahar em casa só é bom se tu consegue superar o fato de não ser tão eficente assim em tudo e ignorar que a casa te chama. Na verdade ela grita teu nome todo o tempo. Mas tudo bem...

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