Sou ótima ouvinte, e sei, modéstia à parte, me colocar no lugar de qualquer um. Entendo as razões de todo o mundo para o que quer que seja. Mas, eu tentei, durante muito tempo fazer com que as pessoas que conviviam comigo me entendessem, me conhecessem. Tentativa vã. Eu só quria que tivessem feito comigo o que eu faço com os outros. As pessoas percebiam somente o que era importante para elas ou os "defeitos" que as incomodavam muito. Essa idéia de defeito para mim é meio controversa, o que é defeito para uns, para outros é somente um aspecto, um traço importante que fala mais alto. Os exemplos, se citados aqui, dariam um quilômetro.

Posso contar nos dedos as pessoas que me conheceram realmente até hoje e eu garanto que sobram dedos! Prova disso, é que fui casada durante 4 anos e a família do meu ex-marido descobriu no final do casamento a minha escolaridade. Não sabiam nada a meu respeito mesmo convivendo, nos vendo com alguma frequência. Sabiam um pouco do meu gosto para roupas porque esse não tem como esconder. Depois que a mágoa, o medo de ser tão insignifante a ponto de não ser vista passou, eu comecei a me divertir. Era curioso ver como depois de tanto tempo eu ainda conseguia surpreender! Na verdade a culpa que eu atribuía às pessoas por não me conhecerem era minha. Eu me fechava. Parece coisa de adolescente temer não ser entendido, mas acontece com muita gente adulta. É chato ficar justificando a todo momento, ficar repetindo "não é bem assim". Dá um trabalho medonho, eu não gosto nem um pouco.

Isso me incomodava. Agora não mais. Não sei dizer o porquê. Acho que é a experiência, embora eu esteja longe de cheirar à naftalina, chamar todo o mundo de meu filho, já aprendi algumas coisas. Uma delas é que eu não preciso ficar esfregando na cara de ninguém como eu sou, somente para dizer que "agora sim, todos me conhecem!".

O bom de ser assim, é que a gente consegue surpreender sempre. O quê antes soava como "eu não acredito que penssava isso de mim!" agora soa como " isso faz parte de mim, espero que goste mas se não gostar, não tem problema".

Mas, conheci algumas pessoas que considero raras, alguns são amigos outros são da minha família. Uma delas é o meu marido. Esse é um dos únicos que saberia dizer "isso é a tua cara" ou "garanto que tu vai gostar por tais e tais motivos". E ele sempre acerta.

Não me coloco entre aspas, em evidência. Me coloco entre parênteses, reservada, mas tô ali. Só lê quem realmente quer.

E, se você leu esse post até aqui, tenho certeza de que é em um aspecto parecido comigo: observa o outro. Para mim, você faz parte dos raros, seja você quem for.

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