Separação

Hoje vai ser f*. Não querendo entrar em contato com os infortúnios alheios pare de ler por aqui.

Briga feia ontem. Desrespeito recorrente. Irracionalidade, idem. Dormimos na mesma cama, mas somente para que meu filho não percebesse. Evitei qualquer contato físico, e acho que ele também. Teve um momento em que ele pôs um braço e uma perna sobre mim, mas logo se afastou e eu achei muito melhor assim. E aquele pé sob o corpo dele, querendo dizer que mesmo chateada eu o amava e estava feliz por tê-lo comigo, não me deu vontade de pôr.

Não chorei tanto como fazia antes, dessa vez foi mais fácil de segurar, e mesmo assim estou com os olhos bem inchados.Vergonha.

Chegamos ao fim. Dessa vez, foi por um motivo que a Princess conhece bem: onde é o limite entre tentar ajudar e ser inconveniente? Antes eu me calaria e deixaria que ele resolvesse sozinho, dessa vez resolvi falar. Mas não adiantou, ele me jogou na cara que eu não dei importância para asaangústias dele. Claro que me senti injustiçada. Não aguentei. Como assim, por acaso não sou companheira? Só porque escuto sem dar muito palpite (temo ser ridícula, tudo parece óbvio), só porque o considero capaz de resolver? Achei que quisesse só desabafar, que ouvindo eu já estaria ajudando... Sorry...Sou tão cheia de razão mas não tenho a pretensão de resolver os problemas alheios.  Além disso, ele me disse que era só uma sensação ruim. Agindo assim, ele me tira a sensação boa que é dar alento à alguém que precise. Minha compreensão e meu afeto são grandes mas não posso ajudar!

Essa é a parte do post que posso falar mais livremente, sei que ele não vai ler até aqui temendo se sentir acusado. Temos aqui outro problema grave. Eu estou sempre me defendendo. Sempre justificando, e por isso, ele se sente acusado. Por exemplo: se eu lamento a minha falta de liberdade, ele acha que é porque estou acusando-o de ser dominador. Não é. Não tenho a liberdade que eu queriaa porque tenho duas crianças, casa, responsabilidade e pouco dinheiro, mas acima de tudo porque não me permito. Por quê? Por que me sobra ainda um resquício de pensamento machista que acha que a casa, os filhos o bem estar de todos deve vir antes.  Pronto. A única culpada sou eu, sou impotente para agir livremente, não me permito, e acabo exausta, só quero me fazer entender. Só. É tão difícil?

Esse é só um dos muitos exemplos que eu poderia citar agora.

E eu cheia de defeitos, vivo sob um olhar extremente exigente e crítico, de quem tem razão em absolutamente todas as críticas. Assumo, mas não gosto.  Eu nunca vou dar conta. Nunca vou ter paciência, objetividade, estabilidade, gratidão suficientes. Não estou dizendo que ele tem me cobrado isso., EU é que me sinto obrigada a ter. Tenho tentado ser mais organizada, prática, estável e um monte de outras coisas, algumas eu até consegui mas a sensação que predomina é a de que realmente eu não sou mais "um sucesso". Completamente frustrada, incapaz. Vou ficar feliz como? Eu tento melhorar! Só eu sei como me cobro tudo isso.

Estou procurando casa para morar. Preciso de uma geladeira, uma televisão, e uma pia.

Quero lamber as feridas, e me curar. Hoje está sendo extremamente difícil.

Não se trata de amor. O amor vai continuar lá, mas eu sobrevivo. Se eu tenho uma certeza, é a de que eu vou ficar melhor. Livre, podendo ser quem e como sou sem causar danos a ninguém, e podendo inclusive ajudar quem queira.  Afinal, meu jeito não é crime nenhum.