Diálogo curto, bobo e deprimente: (por telefone)

-Clóvis, tem uma tela preta no computador, o que eu faço?
-Reinicia!
-Já reiniciei.
-Já?
-Já. Duas vezes.
-Quando ele estiver inincializando alterna f5 e f8 uma dessas duas vai abrir um menu de opções.
-Perai.
Poucos segundos depois:
-Deu? Aí tu escolhe modo de segurança. Talvez tu fique sem internet.
-Pronto. Tem uma janela, peraí que vou ler e decidir.

Tu...Tu...Tu...

Escolhi uma data para a restauração, não foi sufiente. Deixei que operasse em modo de segurança, mas o visual, ícones grandes, letras pixelizadas me incomodou bastante. Tentei de novo, escolhi outra data, deu certo. Liguei para contar a boa notícia, problema resolvido. Só que a esperta aqui, inventou de dizer:
-Achou que eu ia ficar lendo para ti, pedindo calma que não entendi, repetindo tudo várias vezes até conseguir? se enganou...
-Mas estava tudo claro!
- Também não precisa ofender, eu li as opções todas! (omiti essa parte de cima, das datas e da profecia da falta de internet). Não era bem assim.
-Ah, sei lá, poderia não estar em português!

GRRRRR (e essa mordida não é nada erótica)
Como assim? Tão fácil que eu saberia? Até eu saberia? Ah, eu não sei falar inglês? Bom, eu pediria ajuda novamente, mas só para traduzir, pensar deixa que eu mesma penso.

Eu estou no trabalho agora, porque se estivéssemos em casa, eu jogaria um piano de cauda em cima daquele homem, eu o faria engolir todos os livros que já li, relataria todas as conversas que já tive, desfiaria toda a ladainha da minha vida e mostraria meu boletim da primeira série, para provar que não, não sou burra, e faço questão de mostrar que sou inteligente até numa continha de mais! É vaidade, eu sei, mas não tente passar por cima de umas das poucas qualidades das quais sou convicta: da minha ousadia. E eu ouso descobrir o quanto posso, sobre tudo.

Em tempo: aprendi a ler em agosto, enquanto meus colegas aprenderam em novembro. Sei que não é uma façanha tão grande, mas minha mãe ficou orgulhosa. Durante anos contou issso para as visitas: a filha dela foi a primeira da turma a aprender a ler .

Foi bom para que eu aprendesse: não peço ajuda outra vez. Ele que vá ajudar a moça do problema entre as pernas, tadinha. Talvez ela precise de um ctrl alt del. (eu daria um shift del se não me pesasse a consiência). O problema dela sim, é grave, talvez precise muito raciocínio para rodopiar um chapéu de cawboy em cima de um quadril masculino. Realmente, requer muita atenção abaixar e levantar de pernas abertas, causa do problema dela, lembram? Talvez seja necessária mais ousadia ficar reclamando da vida e dando uma de workaholic desprotegida do que para resolver o problema de informática de um computador que nem é meu.

Não gostou? Tá cheio de link aí do ladinho.

Clóvis, eu nasci, não foi um comando dado pela minha mãe para imprimir. Não sou o bill gates, não fui digitada, fui concebida, antes disso, meus pais se encontraram, não sou uma compilação dos dois, portanto, para mim é legal resolver um problema de informática, por mais óbvio que pareça. Se até um cadeado num portão me torna pequena, imagine um computador alheio da qual sou responsável.

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