Eu não me importaria de usar burka

Já falei de filhos. Chorei e comemorei por eles.

Já falei de tesão, pele, identificação.
Falei muitas vezes sobre desamor. Ou despaixão. Falei de amor, admiração, gratidão.
De remorso.
De beijos intensos.
De orgasmos mudos, velados.
Falei de demonstrações de carinho, coisas surreais como as mãos segurando o rosto enquanto beija.
Falei também de culpa, de peso, do falar demais.
Falei do que é sentir demais as críticas.
Em poucas linhas (poucas porque eu gostaria de ter falado mais), falei sobre o que é ser dda legítimo e do problemão que isso causa. Da tensão, da angústia, e da superação.

Mas eu nunca tinha falado de desilusão. Agora ficou claro que não encontrei minha alma-gêmea. Alguma coisa mudou, e esse era um dos princípios mais profundos que eu tinha. Eu achava que éramos feitos um para o outro, apesar da fase que passamos. Mesmo que nos separássemos, sabia que estávamos ligados espiritualmente. Isso era para mim. Para ele é diferente. Sabe que nos amamos, mas matematicamente falando, tem alguém mais adequado para viver com ele. Na verdade, para os dois, para qualquer um, é que é uma grande hipocrisia não reconhecer isso. Questão de raciocínio, mais ou menos isso.

E mais uma vez, minha vontade é de me separar. Preciso desesperadamente de distância. Está bom assim? Sim, nos amamos ainda. Mas quero para mim, alguém que me veja com admiração, que não tenha pena de mim. Alguém que não considere hipocrisia amar apesar dos defeitos. Alguém para viver em condição de igualdade. Trata-se de amor próprio, e também de possibilidades.


Deve ter alguém me esperando em algum lugar.

Só espero que fale minha língua.

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