Dualidade

Gosto de guardar segredos. Não importa de quem: meus, de outros, banalidades, coisas importantes. Sei de coisas fundamentais, relevantes e as mantenho guardadas só pelo prazer de silenciar.

Me sinto muito mal quando falo sobre minha vida, sobretudo se tiver qu falar de problemas. Também não gosto de falar dos meus planos das ideias e das minhas impressões. Só mesmo quando é necessário fujo à essa regra.

O desconforto é tremendo, se alguém lê meus rascunhos, anotações, desenhos. Se alguém, mesmo que por acaso, vê o que guardo na bola, então... Minha mãe, quando está aqui em casa, não abre meu armário, mesmo que eu não esteja. Ela se coloca no meu lugar. Eu fico tensa, se alguém lava a louça aqui em casa, se faz uma comida, por que vai ver a maneira como eu guardo tudo. Chega a ser chato, vai além do desejo de ter privacidade.

Eu reconhecia que aquela gente da outra cidade onde eu morava era antipática, mas adorava o anonimato que isso permitia. E me divertia imaginando o que pensavam a meu respeito. Mesmo sendo uma cidade pequena, conheci apenas meia dúzia de pessoas. E olhe que sou bem simpática! Mas, no final, adorava ser desconhecida.

Sairia nua, na hora do rush, em plena avenida movimentada sem o menor constangimento. Seria apenas um corpo nu (numa cabeça visivelmente insana, no mínimo, atrevida, sem que minha história, meus gostos, minhas convicções fossem reveladas.

Mas meu cérebro, exige, grita por desafios, implora por aventura, risco.

Sendo eu tão reservada, ouso escrever. E é para mim, uma aventura grande falar sobre a minha vida, e um risco maior ainda revelar qualquer coisa a meu respeito.

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