Post it para mim mesma

Todos esquecem tudo por aí. Basta dar uma olhadinha nos achados e perdidos de rodoviária, aeroporto, escola...

Esquecer parece normal.

As pessoas justificam com expressões do tipo, vida moderna, excesso de informação, muita coisa para fazer. E o mais comum: correria. Até ai, tudo bem. Nesses casos, esquecer dá até um certo status.

Não para um dda, que se sente um idiota, se culpa, procura mil maneiras de burlar o esquecimento.

Eu mesma, passei a vida tentando não esquecer, me policiando para evitar os brancos em situações onde era inadmissível perder um detalhe, e depois que as crianças nasceram, evitar o hiperfoco.

Minha vida é caderninho, bloquinho, rascunhos no e-mail. Mas só para testar, tento me lembrar sem consultar as indefectíveis listas. E é uma novela, um filme iraniano, os brancos, a instabilidade de atenção e o esquecimento.

A sensação de estar deixando algo para trás, me acompanha todo o tempo. Ontem, quando meu marido disse que raramente, do verbo quase nunca o recebo com um beijo, confessei, ele chega em casa e minha tensão aumenta. Imediatamente após sua chegada, soa um alarme, ai meu deus, o que eu não fiz dessa vez?


Isso, embora não verbalizado antes, é uma dos ingredientes daquele pacote de motivos que eu tenho para querer viver sozinha, me separar.

Não estou dizendo que a culpa seja dele, como eu disse, isso me acompanha desde sempre.

Meus esquecimentos nunca me tornaram mais importante, cheia de responsabilidades (embora tenha inúmeras), vítima da vida moderna (seria assim em qualquer tempo, ainda que vivesse no passado, antes da enxurrada de informações), ou mudaram meu status para super ocupada.

Antes tinham outro nome, agora sei que são só fruto do dda e que o caminho é esse mesmo, evitar o stress para não agravar, e achar meios de burlar.

Agora, destilando a dose de veneno do dia, acho que fiz um marketing pessoal dos mais amadores, deveria ter usado isso a meu favor todo o tempo. Deveria ter tirado de mim a culpa. Culparia o mundo, os outros, delegaria. Hoje, ao poucos, delego, mas nem assim me desobrigo. Boba, eu.

Eu e essa minha mania de querer abraçar o mundo.

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