passado à tona
Num passado tão distante, mas tão distante que nem parece meu, saiu uma lembrança inusitada: lembrei de quando era telefonista.
O dia-a-dia de uma telefonista, é estressante, mas é dos mais engraçados. Uma coisa curiosa que aconteceu naquela época, foi um rapaz que estav de férias por lá, e usava o telefone toda hora. Eu ainda não o tinha atendido mas sabia da frequência com que ele ligava, do quanto ele "causava".
Ele soube que tinha um funcionária nova (euzinha aqui), e já encheu minha colega de perguntas. E o retrato que ela pintou deve ter sido dos mais encantadores porque das primeiras vezes que o atendi ele já se achava íntimo, e acabou se apaixonando.
Até aí tudo bem, ele era um cara legal. Mais um pouquinho, aconteceria comigo também se não fosse por um detalhe: ele iria embora para (bem) longe logo depois das férias (mania que as pessoas tem de ir embora)coisa que me cortou o tesão logo de cara. Além disso, a mãe dele ligou para mim (do verbo levantou o fone do gancho e esperou que eu falasse com ela, fácil) e me alertou que ele tinha tentado o suicídio algumas vezes. Depois a irmã me fez o mesmo pedido.
Não nego que pensei "gente, ou ele não quer ou não sabe como fazê-lo, que ainda não conseguiu!" e fiquei um pouco (confesso, muito, muitíssimo) intrigada. Volto a dizer, o problema não era ele, o defeito dele era querer ir embora, o que não deixou que rolasse foi a sensação que tive de ser manipulada pelos três.
Meu Deus, ele era meu rato de laboratório no bom sentido. Não que eu não dê valor aos sentimentos alheios, mas escutava-o atentamente, à procura de algum indício de que se eu não quisesse ficar com ele, se suicidaria.
Um dia, depois do trabalho, sentamos em frente à central, e conversamos longamente. Rimos muito. Raramente nos víamos, nosso assunto era quase só por telefone. E de graça, era só tirar o fone do gancho. Me contou dos episódios, da ansiedade, da depressão, e eu ouvi, interessada. Achou que eu não quisesse namorar com ele por que era gordo! Imagine, só a mãe e a irmã no meu pé seriam maiores que ele!
Mais tarde ele foi se afastando. Não, eu não ficaria com ele. Louca de medo de que ele pudesse tentar outra vez, mas não dava para voltar atrás só por medo. Acho que por uma questão de química. Culpa de ninguém. Mas fiquei um bom tempo com isso na cabeça.
Algum tempo depois, encontrei-o na rua. Foi frio. Fiquei incomodada. Como assim? Estava tão apaixonado a ponto de que a mãe a irmã viessem me alertar que se o rejeitasse ele se suicidaria! Jesus...
Tempos depois, meu pai o viu. Ele na hora reconheceu como o pai da Graziela, foi simpático, querido, alegre. Pai me contou depois como tinha sido, inclusive, pensávamos que ele nem estava na cidade.
Parece que superou. As paixões e rejeições, com certeza. Mas espero que tenha superado também as consequências dessa superproteção.
(mas na boa, nunca soube até que ponto tudo era verdade)
O dia-a-dia de uma telefonista, é estressante, mas é dos mais engraçados. Uma coisa curiosa que aconteceu naquela época, foi um rapaz que estav de férias por lá, e usava o telefone toda hora. Eu ainda não o tinha atendido mas sabia da frequência com que ele ligava, do quanto ele "causava".
Ele soube que tinha um funcionária nova (euzinha aqui), e já encheu minha colega de perguntas. E o retrato que ela pintou deve ter sido dos mais encantadores porque das primeiras vezes que o atendi ele já se achava íntimo, e acabou se apaixonando.
Até aí tudo bem, ele era um cara legal. Mais um pouquinho, aconteceria comigo também se não fosse por um detalhe: ele iria embora para (bem) longe logo depois das férias (mania que as pessoas tem de ir embora)coisa que me cortou o tesão logo de cara. Além disso, a mãe dele ligou para mim (do verbo levantou o fone do gancho e esperou que eu falasse com ela, fácil) e me alertou que ele tinha tentado o suicídio algumas vezes. Depois a irmã me fez o mesmo pedido.
Não nego que pensei "gente, ou ele não quer ou não sabe como fazê-lo, que ainda não conseguiu!" e fiquei um pouco (confesso, muito, muitíssimo) intrigada. Volto a dizer, o problema não era ele, o defeito dele era querer ir embora, o que não deixou que rolasse foi a sensação que tive de ser manipulada pelos três.
Meu Deus, ele era meu rato de laboratório no bom sentido. Não que eu não dê valor aos sentimentos alheios, mas escutava-o atentamente, à procura de algum indício de que se eu não quisesse ficar com ele, se suicidaria.
Um dia, depois do trabalho, sentamos em frente à central, e conversamos longamente. Rimos muito. Raramente nos víamos, nosso assunto era quase só por telefone. E de graça, era só tirar o fone do gancho. Me contou dos episódios, da ansiedade, da depressão, e eu ouvi, interessada. Achou que eu não quisesse namorar com ele por que era gordo! Imagine, só a mãe e a irmã no meu pé seriam maiores que ele!
Mais tarde ele foi se afastando. Não, eu não ficaria com ele. Louca de medo de que ele pudesse tentar outra vez, mas não dava para voltar atrás só por medo. Acho que por uma questão de química. Culpa de ninguém. Mas fiquei um bom tempo com isso na cabeça.
Algum tempo depois, encontrei-o na rua. Foi frio. Fiquei incomodada. Como assim? Estava tão apaixonado a ponto de que a mãe a irmã viessem me alertar que se o rejeitasse ele se suicidaria! Jesus...
Tempos depois, meu pai o viu. Ele na hora reconheceu como o pai da Graziela, foi simpático, querido, alegre. Pai me contou depois como tinha sido, inclusive, pensávamos que ele nem estava na cidade.
Parece que superou. As paixões e rejeições, com certeza. Mas espero que tenha superado também as consequências dessa superproteção.
(mas na boa, nunca soube até que ponto tudo era verdade)
Comentários
Parte do meu trabaklho também é telefonico, mas o problema é que é em outras linguas, e é complicado entender indianos, chineses, russos com aquele inglês horrivel, daí que só gosto quando me ligam do Brasil (a empresa tem 3 sedes ai) como ontem que fiquei enrolando com uma brasileirinha 40 minutos no telefone numa coisa tão simples que se resolvia em um minuto :=)
Sabe, eu gostava de ser telefonista. Nesse aspecto, eu gostava, sim.
(mas na empresa onde eu trablava, a pasmaceira tomava conta, eu é que não ia ficar lá erernamente)
Beijo