Low profile
Uma das coisas que aprendi andando de skate foi ter mais paciência. Mas olha: é duro. Não tenho só que esperar minha vez, tenho que andar melhor para ter vez. E revesar o skate com o filho e o marido.
Estou esperando faz um tempo. Desde que meu marido quebrou o pulso nunca mais fomos à pista, portanto ainda não faço aquelas manobras e nem ando na rua, falta prática. E eu adoro aquele lugar, mesmo que seja para ficar sentadinha quieta.
Um dia minha irmã ligou:
-Mana, tu tá onde?
-Na pista.
-Sozinha? tu tá doida?
-Não. Posso fingir que sou mãe de alguém.
E vários pares de olhos apenas me olharam, mudos, surpresos.
Lá ninguém fala comigo e não existe possibilidade de encontrar alguém conhecido. Posso estar com a cara que quiser. Ninguém fala nada. Sentam do meu ladinho mas não me dirigem a palavra. Isso dá um conforto... Adoro essa liberdade que o anonimato dá.
Outra coisa que não sabia é que os skatistas parecem que seguem um código de conduta de não rir dos erros dos outros. E de aceitar o diferente. São todos bem distintos entre si, a única coisa que tem em comum é o tipo do tênis e não é só pelo visual, é para poder ficar em pé mesmo no shape.
Eu venho do rock, da esquerda, do lado B. Claro que sou do contra. E sou também extremada. Mas entendo que ir para a pista toda arrumadinha (mas com a mente despojada, claro) é para testar o limite de aceitação do diferente de cada um. E parece que aquela gurizada aceita. Já fui de sapatilha e short (mas não andei), já fui com os olhos glamourosamente maquiados, com roupa de trabalho e até com tênis de caminhada daqueles bem redondos embaixo, difíceis de se para em pé imóvel sobre eles. Lá eu percebi que para amar skate não precisa fumar maconha, nem andar com visual caricato. Posso escutar nouvelle vague, usar vestidinho e andar toda embonecada numa boa. É até melhor. Imagine se eu resolvesse adotar o visual do Chorão do Charlie Brown jr? Ninguém diz nada. O que conta lá é a vontade de se superar, se fazer algo que ontem não conseguíamos.
Mas a grande lição não foi só aprender a esperar, foi a me julgar menos. Posso ser exatamente quem sou.
Estou esperando faz um tempo. Desde que meu marido quebrou o pulso nunca mais fomos à pista, portanto ainda não faço aquelas manobras e nem ando na rua, falta prática. E eu adoro aquele lugar, mesmo que seja para ficar sentadinha quieta.
Um dia minha irmã ligou:
-Mana, tu tá onde?
-Na pista.
-Sozinha? tu tá doida?
-Não. Posso fingir que sou mãe de alguém.
E vários pares de olhos apenas me olharam, mudos, surpresos.
Lá ninguém fala comigo e não existe possibilidade de encontrar alguém conhecido. Posso estar com a cara que quiser. Ninguém fala nada. Sentam do meu ladinho mas não me dirigem a palavra. Isso dá um conforto... Adoro essa liberdade que o anonimato dá.
Outra coisa que não sabia é que os skatistas parecem que seguem um código de conduta de não rir dos erros dos outros. E de aceitar o diferente. São todos bem distintos entre si, a única coisa que tem em comum é o tipo do tênis e não é só pelo visual, é para poder ficar em pé mesmo no shape.
Eu venho do rock, da esquerda, do lado B. Claro que sou do contra. E sou também extremada. Mas entendo que ir para a pista toda arrumadinha (mas com a mente despojada, claro) é para testar o limite de aceitação do diferente de cada um. E parece que aquela gurizada aceita. Já fui de sapatilha e short (mas não andei), já fui com os olhos glamourosamente maquiados, com roupa de trabalho e até com tênis de caminhada daqueles bem redondos embaixo, difíceis de se para em pé imóvel sobre eles. Lá eu percebi que para amar skate não precisa fumar maconha, nem andar com visual caricato. Posso escutar nouvelle vague, usar vestidinho e andar toda embonecada numa boa. É até melhor. Imagine se eu resolvesse adotar o visual do Chorão do Charlie Brown jr? Ninguém diz nada. O que conta lá é a vontade de se superar, se fazer algo que ontem não conseguíamos.
Mas a grande lição não foi só aprender a esperar, foi a me julgar menos. Posso ser exatamente quem sou.
Comentários
lá, quanto pior, melhor.