Em Rivera todos os finais-de-semana

Promover vinho me coloca num outro patamar: tô me sentindo mais culta e mais phyna. Não que eu diga ou dê a entender, mas o pessoal fala como se eu fosse a Rivera todo o final-de-semana buscar vinho. Assim me consideram. O vocabulário é outro (descontando o tipinho entendido fake), trocamos dicas, e tenho me dedicado ao assunto. E a beberagem, claro. Portanto estou também  mais alegre.

Tenho conhecido muita gente e algumas dessas pessoas quero manter contato. Umas porque são simpáticas, outras porque gostam das minhas pulseiras (vendi várias) e outras não sei bem o porquê, só gostei e pronto.

Ganho um dinheiro bom, trabalho 3 dias por semama (pena que inclui o sábado e está por piorar incluindo o domingo), dá tempo de estudar, de curtir minha casa, fazer outras coisas...

Tenho aceitado o fato de que talvez eu seja mais bonita do que achava, considerando as "cantadas", olhares e perguntas. E que meu visual de Emília do Sítio provoca inveja, a julgar pelo olhar do travesti para mim.  Aquela coisinha de um metro e meio de altura, corpete pink e duas fitinhas amarradas nas pernas (como nunca pensei nisso antes, um charme!) me olhou de alto a baixo com uma cara que me arrancou risadas, tive que enfiar a cabeça dentro do balcão para rir. Mas pense num olhar de profundo desprezo, desdém, nojo e multiplique por cem. Nos próximos 3 atendimentos eu ainda estava rindo. E todos sabem que não tenho nada contra gays, que teria filhos gays numa boa, que simpatizo inclusive. Só pode ter sido a make up que causou isso tudo. Devo ir na polícia?

Ontem, ao final do expediente me dei conta de que tinha sobrado muito vinho e que não sabia se o gerente deixaria que eu saísse com as embalagens abertas do mercado, emiti alto um "e agora, o que eu faço".Nisso um senhor que passava e ouviu veio me perguntar o que tinha acontecido. Contei e ele riu muito, já chamamos outras pessoas e estava pronta a reunião, todos querendo ajudar a acabar com o vinho (que prestativos!). Ah, e eu também não pago imposto para rir, ainda mais depois de um copinho aqui outro ali.


Dois funcionários depois de uma discussão sobre minha idade foram me perguntar. Um achava que eu tinha 25 e outro, 27. Eu tenho 32. A idade da mãe de um deles. Se tempo valesse dinheiro como no filme In Time, eu teria ganho, além do upgrade todo, mais de meia década.

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